Pesquisar

quarta-feira, maio 04, 2011

Maior manifestação a favor da desapropriação da Fazenda Camargo, em Nortelândia

Nortelândia, município localizado a 240 km de Cuiabá (MT), foi palco de uma das maiores manifestações a favor da desapropriação da Fazenda Camargo. Mais de 500 famílias da região compareceram no Grito da Terra, organizado pelo Sintraf-Nortelândia.

A manifestação teve início às 13h30 com uma concentração no Auto Posto Beira Rio, saindo em animada passeata com gritos de “abaixo o latifúndio”, “precisamos de terra para trabalhar”, “chega de sanguessugas”, percorrendo a Avenida Getúlio Lino de Souza até o centro da cidade. Na Praça Edgard Araújo ocorreu outra grande concentração com fala de lideranças da região e de lideranças sindicais, representando vários municípios da região como Tangará da Serra, Nova Mutum, Diamantino, Alto Paraguai, Nortelândia, Arenápolis, Denise, Nova Olímpia, Barra do Bugres, Santo Afonso e Nova Marilândia.

O Incra de Mato Grosso realiza vistoria nesse latifúndio para fins de reforma agrária. Com essa desapropriação, o coordenador do Sintraf - Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Nortelândia, Josafá da Rocha espera mudança acentuada no perfil sócio econômico do município e da região, visto que aproximadamente 70 mil hectares de terras agricultáveis estarão, através da agricultura familiar, à disposição da população, gerando empregos e renda não só para o município de Nortelândia como para toda a região. Segundo o líder sindical, é esse o desejo e a proposta do movimento.

Hoje, na região, é consenso a necessidade da desapropriação desse latifúndio que ocupa em torno de 52% da área do município de Nortelândia. “Em Nortelândia vivemos encurralados aqui em baixo, igual a bode no curral, só numa tira de terra ruim, enquanto as terra boas para a agricultura estão lá em cima, na Fazenda Camargo”, declarou um dos manifestantes.

Reações:

Fazenda Camargo e as graves consequências sociais e econômicas para Nortelândia

Juarez Barros, que há anos luta pela desapropriação
ao lado de Josafá, presidente do Sintraf/Nortelândia

A Fazenda Camargo (Arrossensal Agropecuária e Industrial S.A.), pertencente ao Grupo Camargo, vem desde a década de sessenta, explorando o que pertence ao povo nortelandense. Primeiro, com o desmatamento inconseqüente e em nome do desenvolvimento, levaram a madeira, segundo, transformaram as terras altamente agricultáveis em pastos para seus gados, terceiro, exploraram e extraíram as pedras preciosas, o diamante, do leito dos rios, causando assoreamentos e desmatamentos de nascentes e APPs (Área de Preservação Permanente). Por último, exploram os recursos hídricos, degradando o Rio Santana, afluente do importantíssimo Rio Paraguai, formador do Pantanal Mato-Grossense, construindo ali, duas usinas hidrelétricas, o que não gera atualmente mais que seis empregos.

O financiamento, por esse grupo, de campanhas políticas de vereadores e prefeitos no município de Nortelândia é outro motivo que causa estranheza na população, visto que essa prática, ao longo dos anos, tem levado essas autoridades à submissão desse grupo econômico, aceitando suas imposições. Esse financiamento de campanha, pode até ser considerado legal do ponto de vista contábil eleitoral, mas cheira mal, além de ser indecente e imoral.

Segundo Juarez Barros, ex-vereador em Nortelândia, a manifestação foi pacífica, oportuna e importante. Pois, enfocou vários temas que diz respeito às dificuldades que o município enfrenta há anos e de difícil solução. Desemprego alarmante, prostituição infantil, consumo exagerado de álcool e outras drogas, baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), alto índice de suicídio e de transtornos mentais. Acredita ele, que a única alternativa para o município passa pela desapropriação dessa grande área de terras, que enriquece poucos em detrimento de uma maioria que aguarda ansiosamente esse desfecho.

“A desapropriação da Fazenda Camargo significa a redenção do nosso município. Com isso, teremos efetivamente, uma das maiores distribuição de rendas já ocorrido no Estado de Mato Grosso. Essa descentralização, através do processo de reforma agrária, está gerando na população uma perspectiva de vida melhor, e, conseqüentemente, aumentando sua auto-estima”, finalizou Juarez Barros.

por Sandra Carvalho

Nenhum comentário: