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sexta-feira, junho 03, 2011

ABADIA DE GOIÁS: Lixo radioativo de Angra 1 e 2 pode ir para Goiás e divide opinião de moradores

Os goianos estão com as opiniões divididas desde que foi levantada a hipótese de armazenamento do lixo radioativo das usinas de Angra 1 e 2, localizadas em Angra dos Reis (RJ), em Abadia de Goiás, onde estão os materiais recolhidos após o acidente com o Césio 137, em 1987, em Goiânia.

O primeiro seminário goiano sobre o lixo, realizado esta semana, foi marcado por posições contrárias ao possível deslocamento dos rejeitos de média e baixa intensidade das usinas. Atualmente, eles são guardados em depósitos temporários. Mas uma das exigências feitas para a construção de Angra 3 foi a criação de um depósito geológico.

O governador Marconi Perillo (PSDB) acionou a bancada federal goiana no Congresso e está trabalhando contra a ideia. Entidades empresariais e prefeituras vão programar ações visando a destinar e aproveitar o lixo como oportunidade de novos negócios e, assim, poupar o meio ambiente de agressões desnecessárias.

José Eliton, presidente da empresa energética de Goiás (Celg), foi enfático e combateu a vinda de lixo radioativo para Goiás, especulada na semana passada. “Goiás não vai ser uma lixeira atômica do Brasil”, disse Eliton, que também é vice-governador do Estado.

Ações públicas

Em Abadia de Goiás a população foi até a Praça da Matriz para assinar um manifesto contra a possibilidade de transferência do lixo nuclear. Durante a movimentação, foram colhidas mais de 500 assinaturas. A cidade possui menos de 7.000 habitantes.

Para o promotor de Justiça Jales Guedes Coelho Mendonça, um novo depósito é, além de um risco, uma afronta, pois os goianos não usufruem de nenhum benefício das usinas e arcaria com os ônus. “Vamos manter uma posição firme para que Goiás não se torne a lixeira radioativa do Brasil.”

O Coordenador do CRCN-CO (Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste), Leonardo Bastos Lage afirmou que a ação pode ser positiva para o Estado. "Esta é uma solução adotada em várias países. E é bom lembrar que Goiás vai receber royalties e outros benefícios caso receba o lixo.

Discussão no Congresso

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) pediu esclarecimentos do presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves , e do diretor do Cnen, Marcos Nogueira Martins. Caiado diz ser contra a escolha da cidade goiana, que já abriga 6.000l toneladas de materiais contaminados com Césio 137 em dois depósitos definitivos.

"Estou indignado. Não aceitaremos isso de maneira nenhuma. Quem é beneficiado por Angra que arque com o lixo. Goiás não é pátio de lixo de ninguém", afirmou o deputado.

O que preocupa o povo e as autoridades não é só a possibilidade de contaminação, que pode ser tecnologicamente controlada, mas a possibilidade de discriminação. "O povo goiano já sofreu preconceito uma vez por causa disso, não admitiremos sofrer novamente. Essa causa não é nossa", disse o deputado federal.

O assunto será tema de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, proposta pelos parlamentares Alexandre Leite (DEM-SP), Amauri Teixeira (PT-BA), Eleuses Paiva (DEM-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). Eles discordam da escolha da cidade.

Por Rafhael Borges

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