José Ribamar Trindade
Não é a primeira vez que surgem denúncia da existência de quadrilhas especializadas em grilagens de terras urbanas. Só que, as denúncias sempre caem no esuecimento e nunca são investigadas
Um homem pobre que não possuía nem residência fixa, do dia para noite apareceu como dono de uma rica propriedade de mais de 120 mil metros quadrados, cujo lote custa a bagatela de R$ 100 mil, e está localizada em uma área nobre da Capital. Tudo isso levou a verdadeira dona do terreno a desconfiar que seu ex-empregado, seja na realidade, “laranja” – pessoa usada para fins ilícitos, principalmente em grandes negócios -, de uma poderosa quadrilha especializada em grilagem de terras urbanas. Quadrilha que seria formada por pessoas de grande poder aquisitivo.
“Não pode ser de outro jeito. Esse homem não tinha nem onde morar, até porque alugou um lote de uma pessoa inadimplente dentro de minha propriedade. Aliás, essas terras que já não são mais minhas, pois a maioria está vendida. Inclusive dentro dessa área totalmente legalizada estão alguns condomínios de alto luxo. E agora, como num passo de mágica ele aparece como dono. Mas nós confiamos na Justiça”, desabafa Ana Julieta.
O homem identificado como Ademar Alves de Oliveira, de posse de documentos supostamente falsos, entrou na Justiça e conseguiu se passar das terras, cujos documentos verdadeiros comprovam que são da Empresa Rural Quatro Irmãos Ltda, da qual é sócia majoritária Ana Julieta Pompeo de Barros, é proprietária do Loteamento Residencial Jardim Bom Clima, com aproximadamente 250 lotes, a maioria já vendido a terceiros.
O loteamento, hoje considerado uma área nobre, está localizado atrás do Clube Monte Líbano. O imóvel é registrado no Cartório de Registro de Imóveis da Capital desde 23 de novembro de 1979 pela empresa de Ana Julieta. Os documentos de compra e venda do imóvel em litígio teriam sido falsificados em um Cartório de uma cidade do interior de Mato Grosso.
Só que, no final do ano passado, o ex-funcionário da Quatro Irmãos, Ademar Alves, que trabalhava como vigilante, invadiu a área de todo o loteamento, de aproximadamente 12 hectares (120 mil metros quadrados) e dizendo-se seu possuidor ingressou em Juízo “reclamando” os seus direitos.
Segundo a reportagem do Portal de Notícias 24 Horas News apurou, Ademar está sendo processado criminalmente no Juizado Especial do Centro da Capital exatamente em razão de tentativa de invasão no ano de 2008 e por ameaça à sua ex-patroa, Ana Julieta Pompeo.
Ademar Alves, embora tenha obtido no Tribunal de Justiça a manutenção provisória de posse – na 1ª Instância ele teve seu pedido sumariamente indeferido -, representa, na realidade, segundo Ana Julieta, um “laranja de grileiros profissionais que vem agindo na Capital”.
“Esse homem, com certeza está sendo financiado por poderosos que estão por trás dele. Digo isso porque conheço a vida dele. Ele não tem a mínima condição financeira para sustentar uma demanda judicial desse tipo”, alerta Ana Julieta.
Vale a pena lembrar, segundo ainda a reportagem apurou, que dentro da área de 120 mil metros quadrados existem empresas que já compraram mais de 50 lotes há algum tempo e está planejando construir, pelo menos cinco torres de apartamentos de alto luxo.
Aliás, são mais de 250 lotes urbanos ao preço, em média de R$ 100 mil. Lotes supervalorizados principalmente em área nobre, onde, só agora, começam a ser ocupadas por construções de médio e alto padrão.
“Eu sei da pretensão do Ademar Alves. Mas também sei, que com certeza suas pretensões serão rechaçadas pelo próprio Tribunal de Justiça, pois são, no mínimo absurdas e sem a menor chance de sucesso. Afinal de contas, ele não tem como explicar, a cada um dos 250 proprietários de lotes, como é que ele pode estar ali exercendo posse há mais de 20 anos”, alerta Ana Julieta.
Tudo começou quando Ademar alugou um lote de um comprador inadimplente para construir um barraquinho. Logo em seguida, segundo Ana Julieta, ele entrou na Justiça pedindo uso capeão, alegando que já morava lá há muitos anos e ainda pediu Justiça Gratuita.
E a empresária garante: "Depois disso ele (o Ademar), alegou que era dono de tudo, e desta vez voltou a entrar na Justiça já como um homem de muito dinheiro e não pediu Justiça Gratuita. Só que tudo é falso e na realidade ele não passa de um laranja e tem que ser denunciado e preso", alerta a empresária.
Revolta, mas ao mesmo tempo consciente de que a Justiça não vai ficar de olhos vedados, Ana Julieta revela que depois disso, de empresária ela passou a ser taxada de golpista, principalmente depois que o Ademar alugou um trator e está revirando toda a área, pagando altas diárias para a empresa dono da máquinar, que está derrubando até árvores históricas.
"A maioria das pessoas que compraram os lotes conhece o meu caráter e a seriedade de minha empresa, inclusive os donos de uma grande empresa. Só que, elas estão tendo prejuízos e podem pensar que eu sou uma golpsita. Isso é ainda mais revoltrante.
A empresária Ana Julieta finaliza as denúncias sérias sobre a existência de uma suposta quadrilha liderada por poderosos pedindo para que a Justiça determine investigações policiais no caso. “Confio na Justiça, mas espera que ela determine que a Polícia, se for possível, até a Federal, faça investigações para descobrir a verdade”.
Ademar Alves, que segundo uma moradora do Jardium Bom Clima, depois de deixar a função de vigilente virou raizeiro - vendedor de armas extraidas de raízes de plantas -, não foi localizado na noite desta terça-feira (31) pela reportagem.
(Matéria atualizada às 8h20).
Comentários:
Mauro Sérgio - 01/06/2011 11:48:00
Mato Grosso é outro país...Aqui acontece coisa que até na Bolívia dá cadeia... Mato Grosso, estado da vergonha, da corrupção generalizada e dos impostos...
Antonio Carlos - 01/06/2011 11:19:00
Esse cara não passa de laranja realmente e está sendo usado por algumas pessoas que estão tomando posse da maioria dos terrenos desocupados das áreas nobres de Cuiabá. Porém, isso se deve devido aos verdadeiros proprietários estarem completamente desinteressados em investir nesses terrenos. Vemos em Cuiabá grandes áreas completamente abandonadas em regiões nobres numa clara intenção de especulação imobiliária, pessoas que compraram essas áreas à 20, 30 anos atrás e as deixaram lá para valorizar. Hoje a cidade cresceu, cercou essas áreas que agora sofrem com invasões, falsificações de documentos de posse e brigas judiciais. Todos tem culpa nessa história. Os verdadeiros donos que não investem e apenas ficam na especulação para valorizar ainda mais e esses calhordas grilheiros que invadem e tomam posse desses terrenos. Quem sofre é aquela pessoa de boa fé que achando estar tudo regularizado compra terrenos, apartamentos ou casas depois fica a ver navios com futuro indefinido podendo perder sua casa e seu investimento.
Agnaldo Silva Pinto - 01/06/2011 08:53:00
Este camarada é vendedor de armas extraídas de raízes de plantas? Não acredito, não pode ser!
Carlos Magno - 01/06/2011 08:39:00
Primeiramente para cada loteamento que se faça tem que exigir a Licença Ambiental. Antes de tudo. E para que isso seja feito tem que apresentar a documentação da area. SE o camarada não tem a documentação então não tem licençcas esses loteamentos.
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