Posto da Mata/Estrela do Araguaia/MT – Ao som do Hino Nacional Brasileiro, centenas de alunos carregando cartazes e bandeiras do Brasil se posicionaram para receber as autoridades que participaram na manha desta quinta-feira, 22.11, da vistoria in loco a área da Gleba Suiá Missú, alvo de disputa entre produtores rurais e índios xavantes, no norte Araguaia. As crianças representaram as Escolas de Educação Básica Nova Suiá e Presidente Tancredo de Almeida Neves ambas de São Felix do Araguaia, e a Escola Municipal Infantil e Fundamental Boa Esperança de Alto Boa Vista. No manifesto, faixas e cartazes com pedidos de justiça e apelos pela permanência das famílias no local que ocupam há mais de 30 anos.
Conforme o cronograma, as autoridades desembarcaram às 8h30 na pista de pouso, dentro do distrito, de onde decolaram para a vistoria da aérea. No reconhecimento, as autoridades sobrevoaram a área da Suiá Missú, observaram a produção cultivada pelos produtores e as benfeitorias instaladas no local. No sobrevoo, os parlamentares acompanhados da Procuradora Regional Federal da Advocacia Geral da União Adriana Maia Venturini fizeram questão de percorrer a área do Parque Estadual do Araguaia, ofertado pelo Governo de Mato Grosso em permuta para o deslocamento dos indígenas.
Concluída a vistoria, as autoridades se reuniram com as mais de 4,5 mil pessoas que aguardavam pelo encontro. Os trabalhos foram dirigidos pelo coordenador da Comissão Externa Federal deputado Wellington Fagundes (PR) e pelo coordenador da Comissão Externa Estadual deputado Baiano Filho (PMDB). As discussões tiveram início com o desabafo do presidente da APROSUM Renato Teodoro que questionou a presença da Policia Federal e de tropas do Exército na gleba. “Aqui nós temos famílias trabalhadoras, mandar destacamento do exército com armas, armas para quem, para trabalhadores; aqui o governo federal nunca deu uma cesta básica, nunca chegou um PRONAF, o programa luz para todos não chega até aqui, aqui quem faz é o povo; o estatuto da criança e do idoso não se aplica a nós, aqui somos desrespeitados, estamos pedindo clemência”, categorizou Renato.
Segundo o advogado de defesa dos produtores, Dr. Luiz Alfredo com a aposentadoria do Ministro do STF Ayres Brito o processo foi redistribuído e hoje se encontra sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski. Ainda segundo o advogado, todo o processo para retirada dos produtores foi instruído com base em laudos antropológicos forjados, que atestavam como verdadeiras a demarcação territorial à época deslocada sob a orientação do bispo Dom Pedro Casaldáliga. “O que pode ser atestado como verídico é a existência de duas aldeias e quatro cemitérios indígenas que estão a mais de 150km do Posto da Mata, o resto é fraude”, concluiu Luiz Alfredo.
Para o cacique Miguel Xavante, favorável a retirada dos indígenas, os laudos atestando a existência de indígenas na área não passam de uma fraude arquitetada pela FUNAI. “Inventaram um laudo antropológico, eu acompanhei na época, não sou contra minha etnia mas essa não é terra original dos índios, a justiça só apoia o que não é certo”, concluiu Miguel. Já o cacique pajé José Luiz afirma que a FUNAI sobrevive há mais de 40 anos as custas dos povos indígenas. “A FUNAI pagou a policia federal para assustar vocês e pagou com nosso dinheiro, eu acreditei na presidente Dilma e o que ela fez por nós”, indagou o pajé.
Já o prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro protestou sobre a arbitrariedade com que as famílias estão sendo tratadas e desafiou. “Quero que o governo decrete a prisão das 7 mil pessoas que moram aqui, só assim teremos como tratar dessas pessoas, porque dentro da cadeia o governo é obrigado a dar café, almoço, janta e um teto”, desabafou.
O presidente da Famato, Rui Prado hipotecou o apoio da federação aos produtores da Suiá Missú e cobrou a aprovação da PEC 215 que garante autonomia ao Congresso Nacional para legislar sobre a demarcação das terras indígenas.
Para o deputado Federal Nilson Leitão (PSDB) a FUNAI é responsável por incitar a discórdia entre indígenas e produtores. “Enquanto não trabalharmos a regularização fundiária vamos continuar nas mãos da FUNAI, nessas terras nunca foi registrado um único conflito a convivência entre índios e brancos aqui sempre foi pacifica até a FUNAI trazer a discórdia, e é o depoimento desses caciques que fazemos questão de levar até a presidente da FUNAI”, concluiu Leitão.
Segundo a Procuradora Regional Federal da Advocacia Geral da União Adriana Maia Venturini era forte a necessidade do Governo Federal em conhecer in loco o local da disputa. “Tínhamos muitas informações fornecidas pelo IBAMA, FUNAI, INCRA, Governo de Mato Grosso mas precisávamos ver de perto, então sobrevoamos a área da gleba e o parque ofertado para a permuta e retornaremos com esse relatório para a presidência”, afirmou a procuradora.
O deputado Estadual Baiano Filho agradeceu o apoio da bancada federal, dos deputados estaduais e em especial a dedicação do deputado José Riva e o empenho do governador Silval Barbosa. “Doutora Adriana já fomos onde era possível e impossível na defesa dos produtores, trabalhamos para mostrar a veracidade dos fatos, mas sua presença aqui no Araguaia é muito importante, pois é você quem vai voltar para a presidência da república será a porta voz das famílias que aqui produzem, e depois de ver a união da classe política por essa gente, peço aos moradores que permaneçam em suas propriedades mas que o façam com muita disciplina e cabeça fria”, frisou Baiano.
Encerrando o encontro, o deputado Federal Wellington Fagundes fez um apelo aos moradores do Posto da Mata para deixem suas paixões políticas de lado e que se unam em prol de um bem maior. “Agora nossa paixão não é política, nossa paixão é garantir o sossego da nossa gente, aqui não tem mais bandeira política somos um só, continuem resistindo com serenidade e confiantes, e peço aos prefeitos da região que se mobilizem conosco”, concluiu Wellington.
Além da presença da Procuradora Regional Federal da Advocacia Geral da União Adriana Venturini; do deputado Estadual Baiano Filho (PMDB); dos deputados Federais Wellington Fagundes (PR) e Nilson Leitão (PSDB); do prefeito de São Felix do Araguaia, Filemon Limoeiro; do presidente da FAMATO, Rui Prado; do presidente da APROSUM Renato Teodoro; dos caciques José Luiz e Miguel Xavante; também estiveram presentes os deputados federais Carlos Bezerra (PMDB/MT), João Campos (PSDB/GO), Dorinha Seabra (DEM/TO); o ex-senador de Goiás e ex-ministro da Agricultura João Barbosa; o presidente da APROSOJA, Carlos Fávaro; os deputados Estaduais Ezequiel Fonseca (PP), Sebastião Resende (PR), Zeca Viana (PDT), Airton Português (PSD); o suplente de deputado Estadual Adalto de Freitas (PMDB); o secretário Chefe da Casa Civil, José Lacerda; os prefeitos de Querência, Fernando Gorgen; de Santa Terezinha, Domingos da Silva Neto; de Alto Boa Vista, Wanderley Perin; de Luciara, Parassu de Souza Freitas; de Água Boa, Maurício Tonhá.
Também estiveram presentes os prefeitos eleitos de Luciara, Fausto Azambuja; de Bom Jesus do Araguaia, Joel Ferreira; de Alto Boa Vista, Leuzipe Domingues; de Querencia, Gilmar Wentz; de São Felix do Araguaia, João Antonio de Almeida, o “Baú”; de Novo Santo Antonio, Eduardo Penno, entre diversos vereadores, lideranças locais, empresários e demais representantes do Governo do Estado.
Fonte: Naiara Martins
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