Recém-inaugurada pelo Radiocare, a radioterapia intraoperatória é um método revolucionário em que toda dose necessária de radiação é aplicada durante a cirurgia de retirada do tumor, substituindo a aplicação externa geralmente realizada em 30 sessões
Um novo método de radioterapia, técnica utilizada para matar células cancerígenas remanescentes após cirurgias de retirada de tumores, está alimentando as esperanças de quem luta contra o câncer de mama: a radioterapia intraoperatória. O procedimento, que consiste na radiação do local afetado durante a operação, reduz o desgaste físico e emocional das pacientes que, caso operadas pelo método convencional, necessitariam de aplicações externas diariamente. Ao todo, dura cerca de uma hora e trinta minutos - sendo que a radiação é realizada em menos de cinco minutos - e é indicada a mulheres acima de 60 anos, com tumores iniciais, em que não haja metástase axilar.
“Ao acordar da cirurgia, a paciente estará livre do tumor e com a radioterapia já realizada, o que dispensa, em média, seis semanas de tratamento”, explica o Dr. Leonardo Chamon, radioterapeuta do centro avançado de radioterapia do Hospital Felicio Rocho, Radiocare. Dessa forma, a nova modalidade minimiza os efeitos colaterais do procedimento padrão, como enjoos, cansaço, inflamações e dores locais. Outra grande vantagem é que a radioterapia intraoperatória permite aplicações direcionadas, evitando-se que a radiação atinja outros órgãos sadios próximos à mama, como a pele, o pulmão e o coração.
O método está presente em poucas cidades do país, entre elas Belo Horizonte, São Paulo, Campinas e Porto Alegre. Após investimentos de mais de R$12 milhões nos últimos três anos, o Radiocare adquiriu o terceiro acelerador linear e passou a oferecer essa nova técnica aos seus pacientes. Por ser a segunda instituição a disponibilizar o tratamento no estado, a expectativa é ampliar o acesso à população. O centro já realizou seis cirurgias e mais quatro estão programadas.
Segundo o Dr. Luís Cláudio dos Santos, integrante da equipe de mastologia do Hospital Felicio Rocho, os primeiros resultados da radioterapia intraoperatória têm sido satisfatórios. A primeira paciente operada, a aposentada Helena Cury, moradora de Belo Horizonte, ainda desconhecia a técnica ao descobrir um nódulo na mama, em agosto deste ano. “O Dr. Luís Cláudio foi quem me apresentou o novo método. Fiquei bastante confiante com o procedimento, que ainda não tinha sido inaugurado e resolvi esperar para poder realizá-lo”, revela.
Helena efetuou a cirurgia em outubro e, mesmo com o câncer localizado no lado esquerdo, o coração e o pulmão não foram atingidos pela radiação. “Para a proteção utiliza-se uma placa de chumbo que é colocada entre a mama e o músculo do tórax”, explica o médico. Após o procedimento, Helena revela ter se sentido muito bem, sem nenhum efeito colateral. “Pensei que seria um processo traumático, mas foi bem tranquilo. Realizar a radioterapia intraoperatória foi como se eu tivesse ido ao hospital para uma simples consulta,” revela.
Caso semelhante ao de Helena é o da aposentada Maria de Lourdes do Nascimento, da cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia. Após exames de rotina, a baiana descobriu um nódulo maligno em sua mama e realizou uma cirurgia para retirá-lo. Entretanto, essa operação não foi suficiente para assegurar que o tumor não retornaria. Sendo assim, ela veio a Belo Horizonte se consultar e foi encaminhada ao Dr. Luis Cláudio, que indicou o procedimento de radioterapia intraoperatória. Dessa forma, no último mês a aposentada fez uma nova cirurgia para dar margens de segurança e a radiação foi aplicada durante o procedimento. Depois de 15 dias ela já pode voltar à sua terra natal.
“Senti pouquíssimas dores após a cirurgia e hoje minha vida segue normalmente, como se não tivesse feito nada”,expõe. O especialista alerta que o acompanhamento médico deve ser contínuo.“Dependendo da recuperação do paciente, o acompanhamento deve ser realizado, inicialmente, de dois em dois meses ou de três em três, depois de quatro em quatro meses por dois anos, de seis em seis meses até completar cinco anos e, a partir disso, anualmente” explica.
O coordenador do Radiocare e médico radioterapeuta, Dr. Leonardo Pimentel, acredita que a tendência é que mais pessoas conheçam a nova técnica e possam amenizar o desconforto causado pelas sessões de radioterapia.“Esperamos atender, a princípio, em torno de 10 pacientes por mês. A luta contra o câncer de mama ganha um novo aliado e o Radiocare está empenhado para tornar o tratamento acessível ao maior número de pessoas possível”, finaliza.
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