O acordo de permissão para a pavimentação da MT-322, assinado entre Silval Barbosa, um migrante sulista educado no seio da civilização moderna e o cacique Raoni
Cacique Raoni com o Governador Silval Barbosa
Foto por: Agência da Notícia
Após longos anos de diálogos entre o governador de Mato Grosso Silval Barbosa e o cacique Raoni Metuktire, grande chefe do Parque Nacional do Xingu, ambos, conseguem neste janeiro de 2014 (13/01), finalmente, um entendimento consensual sobre a pavimentação da MT-322 (antiga BR-080), no trecho que atravessa o Parque possibilitando a integração leste-oeste do estado com a união de duas grande regiões; o nortão e o vale do Araguaia. Lideranças regionais políticas e empresariais que contribuíram para o sucesso desse importante acordo marcaram suas presenças durante o solene encontro no Palácio Paiaguás; Carlito Guimarães, presidente da ASFAX, sua esposa Fátima Roriz, o prefeito de Matupá, Valter Miotto, o vice-prefeito de São José do Xingu, Manoel Barros dentre outros representantes da comunidade indígena e não índios, tendo como interlocutor o deputado Baiano Filho. Criado em 1961, o Parque Nacional do Xingu com seus aproximados 2.800.000 mil hectares que soma um perímetro de mais 900 km, possui tamanho maior que de alguns países. Situado na região norte de Mato Grosso, o PIX, Parque Indígena do Xingu, assim também reconhecido por força do estatuto do índio, abriga uma população estimada em 6.000 indígenas de diferentes etnias vivendo hoje harmoniosamente graças ao trabalho de pacificação tribal realizado pelos irmãos Villas Boas, ainda nas décadas de 40 e 70 do século passado.
A dimensão do Parque abrange em seu entorno dezenas de municípios que acabam permanecendo isolados um do outro por falta de acesso, um problema que também atinge o Parque dificultando a vida de seus habitantes em termos administrativos, de manutenção e na própria vigilância do território. A única rodovia que atravessa sua área é a MT-322, quase sempre em péssimas condições de trafego, a mesma interliga todo o extremo norte com o vale do Araguaia pelos municípios de Marcelândia, Matupá, Peixoto de Azevedo dentre outros localizados no lado esquerdo do rio Xingu e São José do Xingu e São Félix do Araguaia, ao lado direito. Tal situação acabou provocando uma divisão geopolítica quase que forçada de Mato Grosso, que se viu impedido de promover a plenitude de sua integração sócio-territorial no sentido direcional leste-oeste, devido a rigidez das leis e normas impostas pela FUNAI. Fundamentada em uma antropologia desumanizada a Fundação tenta confinar o índio em seu estado primitivo e proibi-lo de trilhar os caminhos da evolução natural da raça humana rumo ao conhecimento cientifico e do desenvolvimento tecnológico, desta feita, os resultados tem sido bastante maléficos tanto para a comunidade indígena quanto para a sociedade não índia, que mesmo vivendo lado a lado se viram privadas de se aproximarem uma da outra, se tornando quase que inimigas por conta do apartheid étnico cultural disseminado pela FUNAI e uma centenas de ONGs afiliadas.
O acordo de permissão para a pavimentação da MT-322, assinado entre Silval Barbosa, um migrante sulista educado no seio da civilização moderna e o cacique Raoni, lenda viva do mundo isolado e esquecido de todas as comunidades nativas do planeta, é paradoxal e surpreendente. Silval Barbosa veio para o Xingu ainda muito jovem enquanto, Raoni, nasceu e cresceu na região. Lideres nato, Silval, foi prefeito de Matupá, deputado, vice-governador e agora, Governador. O ex-guerreiro Raoni, se tornou embaixador dos povos do Xingu, sendo uma autoridade de notoriedade internacional com titulo de cidadão Francês. Silval Barbosa e Raoni Mentuktire, mesmo vivendo em contextos sócio-culturais diferentes, a visão de ambos e os esforços que fizeram para romper com o separatismo e o bestial isolamento imposto pelos arquitetos da sociologia do mal, são dignos de um reconhecimento nacional com todas as honras e méritos merecidos. Os plantonistas da FUNAI e os falsos indigenistas não concordam com este acordo e já articulam mundo afora campanha contra a pavimentação da MT-322, porem a decisão dos dois grandes chefes é o que basta. Raoni, esta descobrindo que o isolamento sócio-territorial de sua comunidade não é bom e pensando igual a gente civilizada, ele chegou a mesma conclusão do chefe branco. O Parque Nacional do Xingu tem que fazer parte do MT- Integrado e a rodovia MT-322, a histórica BR-080, que permitiu a conquista e o desenvolvimento do extremo nortão do estado e parte do vale do Araguaia, constitui na atualidade, uma solução para desemperrar a logística no transporte de abastecimento e escoamento da crescente produção estadual rumo aos portos de exportação de Belém e de São Luís do Maranhão. Além da explicita lógica da necessidade de acesso, a pavimentação da MT-322, viabilizará de imediato a integração de todos os quadrantes micro-regionais do estado. Certamente, após a efetiva concretização desse acordo que se dará com a breve inauguração de uma rodovia decente atravessando os 80 km do Parque e uma ponte cruzando o rio Xingu, Mato Grosso que já é grande se agigantará muito mais.
Por Kalixto Guimarães/Correspondente do Araguaia
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