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quinta-feira, junho 15, 2017

Lula não é ladrão

Por Enock Cavalcanti
Meus amigos, meus inimigos: quem observa a conjuntura política, no Brasil, sente a possibilidade de que o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva seja, novamente, candidato à presidência da República. Sim, se não acontecer uma grande virada constitucional nem a tão aventada prisão de Lula, é bem provável que, em 2018, a disputa pela presidência seja definida entre Lula e um candidato de perfil de extrema direita, tipo Bolsonaro. 

Uma disputa a demonstrar que a esquerda se reformulou muito pouco e que a direita brasileira, de queda em queda, vai perdendo suas lideranças mais racionais e sendo cooptada por correntes nazifascistoides cada vez mais presentes no cenário nacional. 

Uma pena que, depois de três governos do PT, a esquerda não tenha conseguido forjar um sucessor ou uma sucessora que garantisse velhice mais sossegada para esse nordestino notável que é o Lula. Que fazer? Mesmo com seus deslizes, Lula continua na batalha. Querido e reverenciado pelo povo, pelo que conseguiu garantir em matéria de distribuição de renda, nesse período em que o PT empolgou o poder no Brasil. Ainda que derrapando nos vícios do governo de coalizão. 

O povão, e não só o povão, mas também diversos setores radicalizados da sociedade, seguem sustentando a candidatura de Lula, esquecendo-se um pouco do PT. Enquanto isso, os golpistas seguem trabalhando para impedir que Lula surja de novo. Imaginam que, sem Lula, o eleitorado à esquerda se dividiria entre adeptos do voto nulo, adeptos de uma candidatura petista, adeptos da esquerda antipetista, adeptos de Ciro Gomes e tal e tal, facilitando a vitória de um candidato à direita. Cogitações sempre existirão por aí. 

Lula é o líder de esquerda entalado na garganta dos conservadores que gostariam de cuspi-lo, que gostariam que ele já tivesse morrido de câncer, e não superado o câncer. 

A verdade é que Lula não é um ladrão. A verdade é que Lula segue sendo a esperança e alento para o povo pobre e humilhado do Brasil. Mas é difícil fazer-se herói. Só quem provou sabe como dói. 

ENOCK CAVALCANTI, jornalista e blogueiro, é editor de Cultura do Diário

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