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segunda-feira, agosto 07, 2017

AL avalia que prisão é ruim para o Governo, mas descarta criar CPI



Para Botelho, investigações estão adiantadas e CPI pode interferir nos trabalhos conduzidos pelo TJ
O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), considerou que a prisão do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, suspeito de participar de um esquema de escutas clandestinas, traz um impacto negativo ao governo. No entanto, ele mantém a postura de dispensar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Casa de Leis.

O deputado destacou que Paulo Taques era um dos principais nomes do secretariado até maio deste ano, quando surgiram as primeiras denúncias dos grampos ilegais. Diante disso, o parlamentar acredita que a prisão dele pode afetar a imagem do governo "como um todo". “Evidentemente a prisão é um coisa ruim. O Paulo foi quem ajudou a manter a relação do governo com a Assembleia Legislativa e a construir esse governo. Estamos consternados e chateados com essa prisão”, explicou o presidente da Assembleia em entrevista a TV Record, na sexta-feira (04), pouco depois da prisão de Paulo Taques.

Assim que “estourou” na imprensa o possível esquema de escutas ilegais, a deputada Janaina Riva (PMDB), uma das pessoas grampeadas de maneira ilegal, tentou criar uma CPI para apurar as denúncias. No entanto, a parlamentar não conseguiu as assinaturas necessárias e a comissão não saiu do papel. 

Para Botelho, mesmo com a prisão do ex-secretário, a Assembleia deve ter cautela em analisar a criação de uma CPI. Isso porque, pode acabar interferindo nas investigações que já colheram resultados, como a prisão de seis policiais militares e do ex-secretário.

“A oposição deve fazer mais uma tentativa de abrir uma CPI, mas o processo está bem adiantado no Tribunal da Justiça – inclusive com essas prisões. Uma CPI na Assembleia, não vai acrescentar muita coisa. Nós temos que aguardar o resultado dessas investigações e depois tomar uma posição”, pontuou Botelho. 

ESQUEMAS

O esquema de interceptações telefônicas foi denunciado pelo ex-secretário de Segurança Pública e promotor Mauro Zaque, em outubro de 2015, mas veio à tona através de uma reportagem do Fantástico em maio desse ano. 

A rede de escutas clandestinas envolve membros do alto comando da PM e já levou para prisão, o ex-comandante da PM, o coronel Zaque Barbosa; o ex-secretário e coronel da Casa Militar, Evandro Alexandre Lesco; o também coronel Ronelson Barros; e o cabo Gerson Luiz Correia Junior. O tenente-coronel Januário Batista e o cabo Euclides Torezan também foram presos, mas já obtiveram liberdade.

PRISÃO

Paulo Taques foi preso na manhã desta sexta-feira (4) em sua residência no condomínio Florais Cuiabá. Ele é acusado de participar do esquema de grampos ilegais. 

O esquema foi denunciado pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, à Procuradoria Geral da República. Zaque revelou que um grupo de policiais, que realizava investigações de crimes no Estado, inseria números alheios as investigações para serem grampeados.

Entre os alvos de escutas ilegais estão advogados, médicos e políticos. A ex-amante de Paulo Taques, a publicitária Tatiane Sangalli, também foi alvo de interceptações.

Por conta do esquema, ainda estão presos os coroneis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco e Ronelson Barros, além do cabo Gérson Correia.

O tenente-coronel Januário Batista e o cabo Eucliedes Torezan também foram presos, mas conseguiram liberdade junto ao Tribunal de Justiça. Os dois decidiram colaborar com as investigações.

Por SUELEN ALENCAR 

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