Ponte sobre o rio Aripuanã que liga o município mato-grossense de Colniza ao distrito de Guariba, no Noroeste do Estado Colniza-MT
Colniza-MT – A enchente do Rio Aripuanã, no município de Colniza (1.050 km a Noroeste de Cuiabá), nos últimos dias de fevereiro, provocou desespero em inúmeras famílias que viram suas casas sendo encobertas pela água, agricultores que viram suas plantações ficarem submersas e comunidades isoladas da sede do município por causa de queda de pontes e pontilhões. Nem a ponte sobre o rio Aripuanã da MT -206 resistiu e as famílias do distrito de Guariba estão totalmente isoladas.
A Defesa Civil do Governo de Mato Grosso já se encontra no local prestando atendimento e coordenando os trabalhos de ajuda aos desabrigados.
O morador Renato dos Santos, 37 anos, trabalha como barqueiro na travessia de motos, ele conta que famílias inteiras estão sem nada. “Basta subir um pouco rio acima para o senhor vê como que está a situação. É muito triste. Famílias perderam tudo”, afirma. Segundo Renato, quando da construção da ponte da MT 206, o mestre de obras assegurou que a mesma suportava qualquer cheia, desde que a água não ‘passasse’ por cima. “A água passou mais de um metro acima da ponte”, assevera. E aponta mostrando até onde o nível do rio chegou. “Agora já baixou bastante”, finaliza.
O caseiro José Lima de Souza, 58 anos, conhecido 'Zé Veinho', que cuida da Ilha do Cidão, e agora está transportando pessoas entre Guariba e a sede do município, faz questão de mostrar ‘in loco’ o estrago provocado pelas águas e leva a equipe de reportagem até o local. “Ali fica a churrasqueira, a antena parabólica... Eu só tirei o supérfluo, algumas roupas e panelas, o resto está tudo aí”, e mostra o fogão, a geladeira e outros móveis como mesa e cadeiras debaixo da água. O que conseguiu salvar também foram alguns colchões colocados na parte de cima, junto ao teto, e aonde estão os gatos 'Nico e Lau'. Os dois gatinhos ao ouvir a voz do dono ameaçaram descer, mas ficaram apenas na ameaça. 'Zé Veinho' depois faz questão de mostrar, em terra firme, onde cultiva plantação de mandioca, abóbora e outras verduras. “Acabou tudo, olha aí”, aponta, para em seguida dizer “eu espero reconstruir tudo, com ajuda de Deus”, enfatiza.
O morador João Elói de França, que completa 70 anos este ano, diz que chegou a ver a enchente de 1949, mas acha que esta foi a maior enchete da história. “Aqui para baixo o estrago foi muito grande”, afirma. Outros moradores confirmam que nesses anos todos nunca tinham visto uma enchente desse tamanho. João Elói faz questão de ressaltar que além de volumosa a enchete foi muito rápida. "O rio subiu em questão de horas. Nem precisou de um dia inteiro", afirma.
A prefeita de Colniza, Nelci Capitani, afirma que as chuvas deste ano “alagou rios, danificou pontes e deixou comunidades inteiras isoladas”. Por causa dos danos provocados em diversas pontes e bueiros 8 comunidades estão sem aula. Essas comunidades recebem os alunos da zona rural e como não tem transporte escolar as aulas estão suspensas.
“Entendemos a angústia das pessoas, que estão isoladas, sem comunicação, mas o socorro está chegando”. Segundo ela, a comunidade de Guariba recebeu medicamentos nesta quinta-feira (10.03) e nesta sexta-feira (11) o Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Defesa Civil, vai disponibilizar o helicóptero para levar remédios e mantimentos até a comunidade de Três Fronteiras. As demais comunidades, segundo a prefeita, serão atendidas por barcos e motos.
O governador Silval Barbosa já determinou à Casa Militar que mobilize as secretarias de Segurança Pública (Sesp), de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), das Cidades (Secid), de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), em caráter de urgência para atender a população das localidades. Para facilitar os trabalhos de abastecimento na região será montada uma base aérea em Juína, onde estará uma aeronave para transporte de alimentos, combustíveis e outros materiais para a população.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, o nível pluviométrico no local chega aos 50 milímetros ao dia. Nível considerado acima do normal, mesmo em período chuvoso.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, estará em Cuiabá nesta sexta-feira e se reúne com o governador.
Por JOÃO BOSQUO /Secom-MT
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