A operação da desocupação dos 165 mil hectares da Suiá Missu começou com tiroteio entre produtores rurais, a Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional. O conflito foi desencadeado na fazenda “Jordão” de propriedade de Antonio Manedi Jordão, o popular Alemão, de 64 anos. Cerca de 30 agentes entraram na propriedade.
Em defesa de Alemão, o primeiro fazendeiro que estava sendo alvo da desintrusão, cerca de 70 produtores seguiram de camionetes e motos até a fazenda, localizada a 30 km do Distrito de Posto da Mata - onde está montado o acampamento dos manifestantes que não admitem a desocupação da área. Com a chegada dos produtores que tentaram adentrar a fazenda Jordão, a “guerra” foi anunciada.
Barrados pela PRF e também os agentes da Força Nacional, os manifestantes começaram a soquear o carro da Força Nacional e os policiais reagiram com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, balas de festim e de borracha e spray de pimenta. Pessoas ficaram feridas, e o momento foi de muita tensão.
Houve desespero, choro, mas todos estavam dispostos a morrer em defesa de suas propriedades. Só depois de 40 minutos de confronto que a polícia conteve os ânimos dos manifestantes.
A pastora Irene Maria da Rocha, vice-prefeita eleita do município de Alto Boa Vista, passou mal e desmaiou sendo socorrida pelos próprios fazendeiros.
A polícia pediu calma aos manifestantes, que por sua vez a todo momento queriam entrar na propriedade, sob o argumento de que havia muitas crianças na sede da fazenda. Os manifestantes estavam desarmados.
O primeiro fazendeiro a ter a propriedade desocupada na área da Suiá Missu está em desespero. Segundo Alemão, policiais teriam colocado um facão em seu pescoço acusando-o de incitar a violência. "É desumano o que aconteceu aqui, eles chegaram com um facão e colocaram no meu pescoço, me mandando calar a boca e dizendo que iam me matar porque eu estava incitando a violência", disse.
No momento do confronto o cinegrafista Raphael Braynner foi atingido por duas balas de borracha na perna esquerda, enquanto estava trabalhando na cobertura da desintrução. A tensão tomou conta do local ocupado por cerca de sete mil pessoas. Muitos dizem que estão dispostos a morrer pela terra.
O clima é de tensão, e a preocupação é que haja realmente derramamento de sangue. Vale ressaltar que são mais de 900 propriedades dentro da área da Suiá Missu para serem desocupadas.
24 Horas News Com Camila Nalevaiko Agęncia da Notícia
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