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sábado, maio 01, 2010

Pacientes se amontoam em hospital a espera de cirurgia

Sinézio Alcântara-de Cáceres

A crise da saúde pública, que se arrasta há vários meses, em Cáceres, chegou ao limite. Cerca de 40 pacientes, a maioria com fraturas nas pernas e braços, está amontoada em macas, nos corredores e enfermarias do Hospital Regional a espera de cirurgias. Em alguns casos existem medicamentos, mas faltam médicos para os procedimentos cirúrgicos e, principalmente, espaço para as internações. Na terça-feira (27/04) uma anciã de 72 anos, permanecia com o fêmur fraturado, depois de 20 dias, da entrada no hospital.

O diretor Jonas Ribeiro, não foi localizado para falar sobre o assunto. As informações, no entanto, eram de que a demissão do secretário de Estado de Saúde, Kamil Fares, no início da semana, teria refletido, diretamente, no regional, porque Jonas, conforme assessores, já estaria acertando algumas medidas emergenciais para o setor no município. Entre elas, a contratação imediata de médicos para atendimentos de várias especialidades.

Em alguns casos, como o da anciã Maria Raimunda da Silva, que passou 22 dias com o fêmur fraturado a situação é de polícia. Outros como da dona de casa Dalvina Ferreira Pereira, 56 anos, que na quarta-feira (28/04) fazia 8 dias que estava com o pé fraturado e da comerciante Rosana Alves Ferraz, 39 anos, que estava há 6 dias com uma fratura no joelho, todas sem atendimento, também merecem apuração de responsabilidades.

Além do sofrimento pelo descaso, a situação é preocupante porque os pacientes já não querem denunciar temendo possível maus tratos, posteriores, dos atendentes. “Vai sair o nosso nome no jornal? Não coloca não porque, depois eles deixam a gente até sem medicamentos” disse um aposentado que estava há uma semana em uma maca, no corredor, com a perna fraturada a espera de atendimento. Um vendedor que não quis se identificar assegurou que “são mais de 50 pessoas com pernas, pés e braços quebrados, há vários dias, esperando por cirurgia”.

A situação é incômoda até mesmo para os funcionários. Recentemente Hênio Santana da Silva disse que “aqui estamos nas mãos de Deus”. A assistente social Elizabete Guizellin completou: “o hospital está funcionando precariamente. Faltam, principalmente, médicos para atender os pacientes”.

Além do verdadeiro estado de calamidade, os pacientes não têm a quem reclamar. “Temos que conformar com o tratamento que eles (funcionários) dão porque, não temos a quem procurar para fazer qualquer tipo de reclamação” observou uma dona de casa que há quatro dias recebe medicamentos para tratamento de cólica renal no corredor.

O sistema precário de funcionamento do hospital se arrasta há vários meses. Em 2009 alguns funcionários denunciaram a falta de médicos e equipamentos, inclusive, para procedimentos cirúrgicos no hospital. Há pouco mais de um mês deputados integrantes da CPI da Saúde, da Assembléia Legislativa, visitaram o local e constataram a falta de leitos e profissionais, principalmente, médicos, para atendimento aos pacientes. Representantes do Ministério Público já estiveram no local por várias vezes, mas nenhuma providência foi tomada até agora.   

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