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sexta-feira, novembro 04, 2011

Da utopia a realidade (VII)

Vicente Emilio Vuolo foi eleito deputado federal em 1975, quando o Estado ainda era unificado. Mais uma vez, obteve expressiva votação com mais de 25 mil votos, sendo Cuiabá responsável por quase 50% do total.
Nesse período da história, nós vivíamos sob a tensão dos noticiários de qual parte ficaria com a melhor fatia do bolo com a criação do estado do sul de Mato Grosso, tendo como capital Campo Grande.
A proposta inicial de dividir o Estado pelo paralelo 16 não agradou aos cuiabanos. Teve forte reação da classe política da capital. Políticos como Vuolo e Gastão Müller repudiaram a tese tendo como base o Paralelo 16, que incluía cidades históricas fundadas por cuiabanos, como Poconé, Nossa Senhora do Livramento, Rondonópolis, Guiratinga e Alto Araguaia para o outro lado.
Durante a campanha para deputado federal, um episódio de coragem marcou significadamente a disputa. A declaração de Vuolo no horário político de televisão – já prevendo a divisão do Estado – mostrou claramente a rivalidade entre Cuiabá e Campo Grande: “Quero dizer aos eleitores de Campo Grande que eu não quero o voto do sul do Estado. Não porque eu não goste de sua gente. Muito pelo contrário, tenho muito respeito. Mas, o meu compromisso, se eleito for, será com Cuiabá e a região norte do Estado”.
Ainda em campanha, Vicente Emílio Vuolo deu uma outra declaração bombástica, justamente no último dia do horário político de propaganda eleitoral, ao denunciar a manobra do Governo Fragelli na destinação de apenas 30 quilômetros de asfalto para o norte do Estado – trecho Cuiabá/Santo Antônio de Leverger – enquanto o sul ficou com 970 quilômetros de asfalto, de um total de 1.000 quilômetros.
Para vocês terem uma ideia da força política de Campo Grande e da região sul, o primeiro grande estádio de futebol, que era para ser construído em Cuiabá, berço do profissionalismo, foi transferido para Campo Grande, que só tinha futebol amador. O estádio Morenão frustrou os cuiabanos, que apresentavam um campeonato de futebol profissional organizado, reunindo grandes multidões no estádio Presidente Dutra, especialmente nos clássicos entre Mixto, Dom Bosco e Operário. Por falar em futebol, Vicente Emílio Vuolo era torcedor do Clube Esportivo Dom Bosco, o azulão da colina iluminada, onde chegou a jogar de ponta-esquerda.
Diante das declarações de Rangel Reis, ministro do Interior na época, sobre a decisão do presidente Geisel em dividir Mato Grosso em dois, Vuolo manifestava-se preocupado com a total falta de infra-estrutura da região norte do Estado.
Por isso, a sua prioridade em Brasília foi de articular a aprovação do Projeto de Lei nº 312-A, de 1975, de sua autoria, que incluiu a ligação ferroviária Rubinéia (SP) – Aparecida do Taboado (MS) – Rondonópolis – Cuiabá na relação descritiva das ferrovias do Plano Nacional de Viação, instituído pela Lei nº 5.917, de 10 de setembro de 1973.
O projeto foi inspirado em estudo técnico desenvolvido pelo brilhante engenheiro Domingos Iglesias Valério, que exerceu por muito tempo a Assessoria Técnica para Assuntos Hidroviários e Ferroviários do Governo do Estado de Mato Grosso.
A seguir, a luta de Vuolo para convencer o Congresso Nacional e os governantes a aprovarem o projeto da ferrovia até Cuiabá.
*VICENTE VUOLO é economista formado pela UnB, analista legislativo do Senado e assessor do senador Cristovam Buarque
vvuolo@senado.gov.br

Diário de Cuiabá

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