Por Onofre Ribeiro
Desde o fim da semana passada a mídia de Mato Grosso estampa uma briga doméstica entre o senador Pedro Taques e o secretário Eder Moraes, da Copa do Mundo. Desinteligências entre pessoas que ocupam cargos públicos são muito frequentes. Mas precisam restringir-se ao nível do tolerável em relação às expectativas da opinião pública. Ambos tem razão nas discussões. O senador enxerga atrasos nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e critica o secretário Eder Moraes. Este, enxerga no senador má vontade contra a copa, contra Cuiabá e contra Mato Grosso.
Ambos usam adjetivos desnecessários e ambos estão usando munição pesada numa guerra de tico-ticos. Ambos passaram da medida. Porém, parece-me que o senador Pedro Taques está indo além do necessário. Sem querer ensinar Padre Nosso ao vigário, é bom recordar que em brigas desse tipo, usa-se um tiro só. Certeiro e definitivo. Como? Rebater a crítica de uma vez só. Pensada e fatal! Bate-boca arrasta o óbvio.
A copa do mundo está muito difícil em Cuiabá. A cidade vem sucateada há décadas e não oferece sequer condições de ser planejada. A copa virá, de um jeito ou de outro, a menos que os representantes públicos se esforçarem pra que isso não aconteça. Mas aí, estaremos falando de outra coisa. Estaremos falando de política predatória do tipo “quanto pior, melhor!”. A sociedade cuiabana não pode crer que o senador Pedro Taques jogue esse jogo rasteiro pensando numa derrota deste tamanho pra Cuiabá, pensando nas eleições municipais deste ano e na de governador em 2014. Definitivamente não!
Ontem escutei uma informação alarmante: a de que procuradores federais em Mato Grosso virão em socorro do senador Pedro Taques construindo uma enxurrada de representações contra o secretário Eder Moraes, contra o governador Silval Barbosa e contra o Governo do estado. Nunca escutei coisa mais irresponsável, se for mesmo verdade. Tão irresponsável que não dá para acreditar.
Uma coisa, porém, acaba interessante nisso tudo. O Governo de Mato Grosso, que vem calado diante das críticas e das crises, criou a oportunidade de ter um porta-voz: o secretário Eder Moraes. O governo e o governador tem recebido em silêncio críticas de todos os lados, desestabilizando gradualmente a administração. De repente, não está faltando um porta-voz com coragem e ousadia? Se for, a crise entre o senador Pedro Taques e o secretário Eder Moraes lembra aquele ditado popular: atirou no que viu e acerto no que não viu. Deu chance de aparecer um indispensável porta-voz do governo que há muito tempo está faltando.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br
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