Terminou nesta quinta (6) o prazo para desocupação voluntária dos produtores rurais que foram notificados para deixar a Gleba Suiá Missu, localizada entre São Félix do Araguaia e Alto Boa Vista. A área foi demarcada como território da reserva indígena Marãiwatsede, da etnia xavante. Desde a madrugada, o clima no local é tenso. A situação foi destaque no MTTV 1ª edição, que mostrou a interdição feita pelos posseiros na BR-158, entre Ribeirão Cascalheira, Porto Alegre do Norte e Confresa. Eles também bloquearam a MT-242, que dá acesso a Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia, para evitar o acesso das tropas Exército e Força Nacional.
Carros foram estacionados fazendo uma espécie de “barreira” na pista e pneus também foram queimados nos locais. A atitude provocou uma fileira de caminhões que aguardam a liberação das vias para seguir viagem, mas a tendência é que o bloqueio dure o dia todo. Muitos motoristas chegaram a perder mercadorias, que seriam transportadas para outras cidades. Após o protesto, houve uma reunião na associação dos produtores com lideranças que estão no comando da desapropriação. Na ocasião, foi constatado que ainda não havia definição quanto ao destino das 7 mil famílias, que habitam no local há mais de 30 anos.
Diante à desocupação, o senador Cidinho Santos (PR) declara que “fez tudo o que podia ser feito, e recorreu a todas às instâncias que estavam ao seu alcance”, a fim de evitar o pior. “Fomos ao Executivo, recorremos ao ministro da Justiça, à Casa Civil, à Advocacia Geral da União, à Presidência da República. No Judiciário, recorremos ao Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Regional Federal (TRF). Alertamos a todos sobre a forma abrupta como estão sendo tratadas aquelas famílias. Infelizmente, não conseguimos tornar os procedimentos mais justos. É lamentável ver produtores rurais sendo tratados de forma tão desonrosa”.
Mesmo sem o respaldo esperado pelo Governo Federal, os senadores Cidinho e Blairo Maggi (licenciado) aproveitaram um evento realizado hoje pela manhã, no Palácio do Planalto, para fazer um último apelo a presidente Dilma Rousseff (PT). “Explicamos e pedimos mais uma vez atenção especial. Trata-se de uma questão humanitária, não interessa quantas famílias estão envolvidas. Se fosse apenas uma pessoa já seria motivo para que o Estado todo, a nação se mobilizasse pelo cumprimento de seus direitos e preservação da dignidade”, disse Cidinho.
Segundo o senador , após ouvir o clamor em prol dos produtores, a presidente chamou o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, e pediu para que mais uma vez estudasse o conflito. “O ministro nos ouviu e disse que essa situação é muito complexa e difícil de ser solucionada, mas que iria rever com atenção”.
Por Camila Cervantes e Nayara Araújo/Moreira Mariz
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