São 11 anos de conflitos, despejos, isolamento e promessas no assentamento Bordolândia, localizando entre os municípios de Bom Jesus do Araguaia e Serra Nova Dourada, no nordeste de Mato Grosso (1.100 km de Cuiabá), onde cerca de 600 famílias vivem em situação de miséria. O Incra assentou as famílias e as abandonou . Falta comida, estradas e assistência técnica para trabalhar a terra.
O assentamento foi criado em 2007, em uma área de 56 mil hectares e possui capacidade para assentar 1,2 mil famílias. De acordo com o prefeito de Bom Jesus do Araguaia, Luiz Gaúcho (DEM), o sofrimento é grande na comunidade, que recebe assistência à saúde do município, mas com muita dificuldade devido às péssimas condições das estradas…
“O Incra simplesmente assentou as famílias e deixou o povo sem qualquer assistência”, reclama o prefeito, indignado e revoltado com o descaso a que estão submetidas esses trabalhadores rurais.
Essas pessoas resistem e acreditam que uma terra desapropriada para a Reforma Agrária será, de fato, daqueles que precisam e querem produzir. A morosidade e a inoperância foram as marcas principais dos órgãos competentes em relação ao problema, o que levou os acampados a bloquearem, no mês de junho de 2009, por vários dias, a BR 158, na tentativa de chamar a atenção das autoridades. Na ocasião, dois trabalhadores sem terra foram assassinados, alargando a fileira dos sacrificados nessa luta.
As famílias chegaram a ser expulsas da área mesmo depois de assentadas pelo Incra e depois acabaram retornando com a permissão da mesma Justiça que os expulsou. Sucateada, a Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) nunca teve condições de iniciar os trabalhos à espera da elaboração do Plano de Desenvolvimento do Assentamento e, desde dezembro de 2009, essas famílias continuam acampadas e esperando, num ambiente de ansiedade, incerteza e tensão, agravadas pela carência de recursos básicos, como casa e comida.
por Sandra Carvalho
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