Tucano atribui escolha a "amizade de irmão" entre Bonilha e Havelange
Ex-prefeito de Cuiabá, o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) fez uma revelação bombástica em depoimento à CPI das Obras da Copa do Mundo nesta terça-feira. De acordo com o tucano, o ex-governador Blairo Maggi (PR), atual senador, sabia que a capital de Mato Grosso seria uma das sedes do evento 4 meses antes do anúncio oficial, ocorrido em maio de 2009.
A “informação privilegiada” do republicano ocorreu mediante carta enviada pelo ex-presidente da Fifa, João Havelange. O emissário da correspondência foi o ex-presidente da Federação Matogrossense de Futebol, Agripino Bonilha Filho, que é compadre de Havelange. “Com base no juramento que fiz antes deste depoimento, digo, com toda certeza, que o ex-governador Blairo Maggi sabia que Cuiabá seria uma das sedes 4 meses antes”, confirmou o tucano.
O tucano, porém, não acredita que houve pagamento de propina para Cuiabá ganhar o direito de sediar o mundial de futebol. Segundo ele, a proximidade entre Bonilha e Havelange foi o diferencial para que a capital ganhasse o direito de ser a sede do Pantanal na Copa do Mundo. “Não creio que tenha havido propina, suborno ou corrupção. Creio que tinha uma relação fraterna, maternal entre Bonilha e Havelange, que ainda gozava de enorme prestígio na Fifa. Foi ele quem colocou Blatter lá e um pedido seu, certamente seria acatado”, explicou Wilson.
O deputado estadual garante que Agripino Bonilha possui uma cópia desta carta enviada a Maggi. “A original deve estar com o senador, mas o Bonilha creio que pode fornecer esta cópia”.
O ex-prefeito, que participou do processo de candidatura de Cuiabá para sediar o evento, também comentou sobre a escolha do VLT. Segundo ele, Cuiabá não tinha capacidade para suportar um modal sobre trilhos, seja ele VLT ou metrô. “Tinha como base a cidade de Curitiba, que não tem VLT ou metrô, mas é uma cidade exemplo em mobilidade urbana, tendo apenas o BRT”, colocou.
Wilson considerou que a escolha do VLT prejudicou Mato Grosso, muito além da não conclusão do modal. “Entramos de gaiato no navio por meia dúzia de espertalhões que nos colocaram numa sinuca de bico”, disparou.
Provocado pelo deputado Mauro Savi a fornecer nomes, o tucano declarou que não vai demorar para serem divulgados. “Quero dizer que faço essas acusações e tenho documentos, tenho depoimentos e delações premiadas. Mas logo, estes nomes virão a tona”.
Membro da CPI, o deputado Wagner Ramos (PR) avalia que as declarações de Wilson Santos são de repercussão mundial, uma vez que a Fifa é alvo de ampla investigação em nível internacional. "É muito sério o que está sendo falado aqui", frisou.
O presidente da comissão, deputado Oscar Bezerra, afirmou que o senador Romário Farias (PSB-RJ) já havia feito um artigo denunciando que as autoridades matogrossense tinham conhecimento prévio de que seria sede da Copa. "A orientação era de que o então governador Blairo Maggi fizesse cara de surpresa quando fosse oficializado", disse o socialista ao ler parte do artigo de Romário.
COMUNICAÇÃO
Ex-diretor de Comunicação da Agecopa (Agência Especial da Copa do Mundo), o ex-prefeito Roberto França também prestou depoimento na CPI nesta terça-feira. Ele comentou sua função na agência e disse que não tinha poder de decisão, sendo subordinado a Secretaria de Comunicação. “As próprias agências que tinham vínculo e contrato com o Estado que realizaram o trabalho. O pagamento era feito pela Secom, até nesse aspecto, o trabalho dentro da nossa diretoria foi esvaziado. Tínhamos que pedir benção a Secom”, ressaltou.
Indicado para compor a agência pela Assembleia, França teceu duras críticas ao colegas de parlamento que, posteriormente, fizeram lobby pela extinção da Agecopa e criação da Secopa (Secretaria da Copa do Mundo). “Deixei de ser deputado estadual e a AL quando acabou com a Agecopa não nos chamou, pelo menos, para nos dar satisfação que estava acabando com o cargo (...) Foi uma deslealdade da própria Assembleia”, ponderou.
Em relação as obras, o ex-diretor da Agecopa afirmou que tinha poucas informações a acrescentar as investigações. “Estou com toda a boa vontade aqui, mas não posso falar de uma área que não estive envolvida nela(...). Estou pronto para falar sobre a minha área que era de comunicação. Estou até surpreso de estar aqui porque a CPI é das obras da Copa e não fiz obras”, disse.
Por GILSON NASSER
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