Incra apresentou ontem à Funai um levantamento parcial sobre quantos ocupantes da reserva se enquadram no perfil de clientes da reforma agrária
Conforme decisão da Justiça Federal, os posseiros deverão ser retirados da área em litígio até agosto
LAURA NABUCO
Da Reportagem
Pelo menos 500, das duas mil famílias que residem na Gleba Suiá Missu, na região de Alto Boa Vista (1.064 km de Cuiabá), devem ser beneficiadas pelo programa de reforma agrária do Incra, quando for cumprida a ordem de desocupação da área delimitada como terra indígena da aldeia Marãiwatsede, da etnia xavante.
Os dados foram apresentados ontem ao Ministério Público Federal, autor da ação que requer a retirada de todos os não-índios da área de 165 mil hectares ainda no mês que vem.
O superintendente substituto do Incra, Salvador de Almeida, pondera, no entanto, que os números são referentes a um levantamento parcial realizado em 2011. Ele explica que, à época, o órgão não teve acesso a todas as propriedades localizadas na região que deve se transformar em reserva.
Para Salvador, a quantidade de pessoas no local pode ter mudado. “Acreditamos que muitos produtores já migraram de lá”, afirma. O levantamento atualizado, segundo ele, ficará a cargo da Funai, responsável por elaborar um plano de desintrusão.
Na reunião com o MPF, o Incra também informou já possuir três fazendas, na região de Ribeirão Cascalheira, distante cerca de 175 km da gleba, para abrigar as famílias que tiverem perfil ao programa de reforma agrária.
“A possibilidade de haver conflito não deixa de ser considerada, por isso estamos trabalhando na apresentação desses locais”, pontua Almeida. Os dados haviam sido requeridos ao órgão numa decisão do juiz da 1ª Vara Federal, Marllon Sousa, que também prevê a apresentação do plano de retirada dos não-índios pela Funai.
Na semana passada, o governador Silval Barbosa (PMDB) e representantes dos posseiros que vivem na região estiveram em Brasília reunidos com a presidente da Funai, Marta Maria Azevedo. Eles reiteraram a proposta do governo do Estado de realizar uma permuta entre a área alvo de litígio por outra, localizada no Parque Estadual do Araguaia.
A Funai, por sua vez, se comprometeu apenas em ouvir o Estado e os xavantes contrário à demarcação antes de elaborar o plano de desocupação. A fundação foi notificada da decisão judicial na última quinta-feira (12) e tem até o dia 22 para apresentar o projeto à Justiça Federal.
Fonte: Diário de Cuiabá
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