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quinta-feira, dezembro 06, 2012

Posseiros fecham duas rodovias para protestar contra retirada de famílias

Prazo para a desintrusão da área começa nesta sexta-feira

Força Nacional

Manifestantes cercam carro tombado durante os trabalhos de notificação na terra indígena

Moradores do distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata), em Alto Boa Vista, bloqueiam, desde a manhã de quarta-feira (5), a MT-242 e da BR-158.  A retirada dos não-índios da área, localizada dentro da terra indígena de Marãiwatsédé, no Vale do Araguaia, começará a ser executada nesta sexta-feira (7).  
A maior parte dos posseiros que terão que deixar suas terras vive nesse distrito, que fica à beira das rodovias. Os manifestantes utilizaram carros velhos e atearam fogo em pneus para fechar as duas estradas. Somente a passagem de ambulâncias é permitida. O bloqueio não tem data para terminar.
Os manifestantes pedem a suspensão da decisão judicial que determinou a retirada das famílias da área de 165 mil hectares de Marãiwatsédé, que atinge os municípios de Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia.
A área, declarada como pertencente aos xavantes pela Justiça, precisa ser desocupada pelos não-índios até o dia 18 de dezembro. Equipes da Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Federal e Exército estão na região para participar da ação.
Trechos da BR-158 nos municípios de Barra do Garças, Água Boa e Ribeirão Cascalheira também foram interditados ontem, por cerca de uma hora, em solidariedade ao movimento.
Os posseiros garantem que cerca de 7 mil pessoas vivem na área, mas, de acordo com o Censo 2010, a população residente na terra indígena é de 2.427 pessoas, sendo que 1.945 se declaram índios ou consideram-se indígenas.
O Ministério Público Federal entende que os números de moradores é superestimado pelos posseiros para tentar suspender a desintrusão da área.
Notificações
A notificação das 455 pessoas em 242 empreendimentos localizados na terra indígena foi feita entre os dias 7 e 17 de novembro. Desse total, 253 notificações foram feitas em Posto da Mata. Somente no distrito, foram utilizados 15 veículos e um helicóptero para dar suporte à ação.
História
A briga pela terra ocorre há mais de quatro décadas entre índios e não-índios. Os xavantes foram removidos nos anos 60 para dar lugar a um latifúndio da Agip, empresa petrolífera italiana.
A empresa devolveu a área à União em 1992 e a terra foi declarada indígena em 1993. A demarcação foi homologada em 1998, mas, ao voltarem para a região, os índios ocuparam apenas 10% do território a que tinham direito, segundo a Funai. A maior parte já havia sido tomada por posseiros.

por CAROLINA HOLLAND da Midia News

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